26 agosto 2010

Lembranças de um passado recente

30 anos não apagaram minha lembranças sobre o TOC. Se me recordo do meu 1o ritual, como eu poderia esquecer de outras coisas tão marcantes quanto o 1o ritual? Poderia colocar tudo em um livro ou até em uma enciclopédia inteira.
Hoje enquanto tomava uma xícara de café aqui na empresa eu vi uma outra pessoa pegando café naqueles copinhos plásticos de 50ml que mais parecem um dedal e isso me remeteu a 10 anos atrás quando começei a tratar do TOC com medicamentos. Todo medicamento tem efeitos colaterais então evito ler essa parte da bula para não ser influenciado pelos relatos que ali constam mas com o tempo descobri que a clomipramina é um dos medicamentos para TOC que mais tem efeitos colaterais. Dentre os vários efeitos vou citar apenas a boca seca e tremores que foram os sintomas que mais me atrapalharam no começo do tratamento.
Eu estava fazendo treinamento a semana toda e na metade da manhã, como de praxe, tinha um café muito bem servido pois o curso não era barato (ainda bem que quem pagava era a empresa). Nessa época eu tinha a boca muito seca, não conseguia falar por mais de 5 minutos sem beber um gole dágua pois meus lábios começaram a grudar na gengiva e a língua no céu da boca. Também tinha tremores na mão que não chegavam a me atrapalhar na hora de escrever ou digitar mas quando precisava pegar algo ou então quando esticava as mãos os tremores eram perceptíveis. Não bastava eu ter que esconder meu TOC, agora também tinha que disfarçar a boca seca e os tremores.
Voltando à mesa do café, já era dificil para mim pegar suco nos copos plásticos de 200ml pois eu tremia um pouco, agora imagina colocar café num copinho minúsculo no qual precisa-se de uma mira melhor, adoçar, mexer com a colher sem derramar e a pior parte..... tentar tomar. Eu erguia o copo e começava a tremer e quanto mais eu me aproximava da boca tentando acertá-la sem derramar mais aumentava a tremedeira como se eu estivesse levantando 5kg de peso após 2hs de aula de musculação. Depois da 3a tentativa não tive como não rir e a solução foi beber um pouco do café com o copinho apoiado mesa para depois levá-lo à boca :)
Naquela época eu era mais desinibido em relação ao TOC e não havia problema nenhum para mim em falar do TOC ou rir dele. Eu tinha um colega de curso que também tremia um pouco. Ele me disse que também era por causa de uns medicamentos que ele tomava mas nunca nos aprofundamos no assunto um do outro, apenas dávamos risada quando iamos tomar café.
A boca seca também me pregou uma peça quando tive que fazer uma apresentação para o pessoal de trabalho. Levei pouca água para a apresentação e mal começei e a água já havia acabado. O pessoal ficou empolgado com a apresentação e começou a fazer cada vez mais perguntas e minha boca foi secando e amarrando como se eu estivesse comendo um cajú verde a tal ponto de quase nem eu mesmo entender o que estava falando. Uma cena que exemplifica bem essa situação é a do filme EU, EU MESMO & IRENE onde o Jim Carrey, que está tomando anti-depressivos devido ter sido abandonado pela esposa, aparece bebendo toda a água do bebedouro e quando ele fala sua boca está branca e seus lábios grudados na genviva.
Mas com o tempo esses efeitos colaterais foram diminuindo e alguns até desapareceram.
Como diz meu irmão: não existe almoço grátis. É o preço que se paga para se livrar de algo pior.

25 agosto 2010

Ansiedade no último!

Sempre fico no mesmo dilema da Tostine: Sou ansioso porque tenho TOC ou tenho TOC pq sou ansioso? Sei que a ansiedade está diretamente relacionada com o TOC mas não sei quem veio primeiro, se o TOC ou a ansiedade.
Mas assim como não sabemos quem veio primeiro, se o ovo ou a galinha - e isso não nos faz falta - acredito que também não faz diferença quem veio primeiro, se o TOC ou a ansiedade. O que importa é que com o aumento da ansiedade os rituais tendem a aumentar também. E muitas vezes quando não conseguimos nos libertar de um determinado ritual, vamos ficando cada vez mais ansioso e esse ciclo vicioso nos leva a quase explodir!!! Mas calma porque nunca ninguém explodiu por causa do TOC, pelo menos não no sentido literal da palavra.
Aprendendo a controlar a ansiedade ou a lidar com ela podemos reduzir as compulsões ou até eliminá-las completamente. Não temos, muitas vezes, como eliminar por completo as obsessões pois não podemos controlar nossos pensamentos e impedir de pensar coisas que não queremos ou que não nos agrada. Também não há como eliminar por completo nossa obsessão por limpeza ou por organizar as coisas mas podemos sim controlar e eliminar as compulsões que essas obsessões nos trazem. Podemos evitar de lavar as mãos toda hora que achamos que ela está suja ou podemos deixar de evitar tocar em algo por achar que iremos nos contaminar. Essas atitudes de evitar as compulsões claro que num primeiro instante nos trará mais aflição e ansiedade do que se simplesmente nos rendessemos aos rituais pois realizamos os rituais justamente para minimizar essa ansiedade mas ao longo do tempo, aos poucos, com calma, essa ansiedade vai diminuindo conforme vamos deixando de realizar algumas compulsões. Assim como nossa mente se habituou a realizar os rituais para minimizar a ansiedade, com o tempo nossa mente vai se habituando a não mais realizar os rituais quando ela é tomada por algum pensamento impuro, por algum medo de contaminação ou pela dúvida se realizamos ou não determinada checagem.
Descobrindo e entendendo o que nos deixa ansioso ou o que aumenta nossa ansiedade podemos aprender a como lidar com essa ansiedade para minimizá-la e ficar mais tranquilo antes de sair por aí fazendo rituais. Depois que dominamos a ansiedade e ela dimuniu ou mesmo vai embora sentimos que não é mais necessário fazer os rituais que tinhamos compulsão por fazer.
Controlada nossas obsessões e dominada nossa compulsão podemos sim levar uma vida "normal". Digo "normal" entre aspas pois esse normal é muito relativo. Se olharmos de perto ninguém é normal, todo mundo tem uma coisinha ou outra que foge do que se estabeleceu por padrão como "normal".
Levar uma vida normal para mim é levar uma vida na qual eu não seja escravo de nada, nem bebida, nem cigarros e muito menos do TOC. É levar uma vida onde se encontra obstáculos mas se tem equilíbrio para ultrapassá-los, uma vida onde encontraremos dificuldades sim mas saberemos lidar com essas dificuldades sem atingir nenhum extremo.
Uma vida normal é ter de volta o controle do meu pensamento, da razão, da certeza e da ansiedade.

24 agosto 2010

Varrendo as folhas

Olá a todos, sei que estou sumido faz uns 10 dias mas é que foi uma combinação de saco cheio com muito trabalho para fazer. Quando aqui estava sossegado não tinha vontade de postar e quando estava com vontade de postar havia muita coisa para fazer no trabalho. Agora deu para conciliar vontade com tempo livre :)
Nessa semana de correria teve um dia em que eu não tomei café em casa para não chegar muito atrasado no trabalho então depois que eu cheguei e coloquei as coisas em ordem eu fui até a lanchonete tomar meu café da manhã. Não foi a 1a vez que fiz isso e por enquanto não será a última mas quem sabe logo poderei ir na lanchonete quando eu quiser ou quando der saudades de tomar café lá e não porque precisei deixar de tomar café em casa por causa do TOC.  Nesse dia em específico estava agitado devido aos vários compromissos aqui e o TOC parece que resolveu me perseguir com mais vontade e eu pulava todas as rachaduras do caminhho do meu prédio até a lanchonete e algumas vezes eu voltava para pisar novamente nos quadrados que já havia pisado. Como sempre passei pelo tiozinho que fica varrendo as folhas da calçada porém dessa vez estava com a cabeça em outro lugar e não prestei a atenção que ele havia parado de varrer para eu passar. Pulei algumas rachaduras e voltei várias vezes para pisar nos quadrados até que consegui seguir em frente e quando dei conta vi que o tiozinho estava parado, com a vassoura na mão, esperando eu terminar meu vai-e-vem para poder continuar a varrer. O olhar dele era de dúvida e sua expressão era um ponto de interrogação misturado com um ar de espanto. Não tentei explicar o inexplicável, não estava com paciência, tempo e nem vontade de fazê-lo. 30 anos de TOC me levaram de uma pessoa tímida, que tinha vergonha de seus atos, passando por alguém que passou a encarar seu problema de frente até alguém que cansou de se explicar e cada um pense o que quiser.
Apesar disso, durante o café a imagem dele varrendo as folhas secas que caíam das árvores para que o caminho ficasse mais limpo e bonito não me saia da cabeça. Ele não tinha TOC mas todos os dias fazia as mesmas coisas, varria as folhas que caíam, juntava elas em um canto e depois recolhia.
De um certo modo eu também "varria" todos os dias para debaixo do tapete os vestígios dos meus rituais para que as pessoas não vissem que eu tenho TOC, varria meu cansaço, meu desânimo para debaixo do tapete para que as pessoas ao meu redor não se cansassem de mim. Varria meu descontentamento para debaixo do tapete e colocava um sorriso no rosto só que esquecia de recolher tudo debaixo do tapete e jogá-los fora. Com isso eu ia acumulando cada vez mais lixo debaixo do meu tapete e aos olhos dos outros eu estava melhorando mas interiormente eu estava ficando sobrecarregado com tanto peso.
Resolvi botar todo esse lixo para fora contando aqui meus "causos", sendo assertivo e expondo para as pessoas o meu modo de pensar, os meus sentimentos sem agressividade e sem aceitar fazer algo que não me agrada somente para agradar a outra pessoa.
Aconselho a todos a fazerem o mesmo. Não é preciso esbravejar e jogar tudo para o alto, basta expor de modo educado seu ponto de vista, seus sentimentos e suas vontades e parar de se esconder ou varrer para debaixo do tapete tudo o que vc considera como "defeito" seu.
O espaço de comentário está aberto para vcs jogarem fora tudo o que lhes incomoda.

13 agosto 2010

Tédio

Depois do dia de cão veio o dia de tédio.
Como eu já comentei, ter coisas demais para fazer e ter que fazê-las sob pressão não é bom para quem tem TOC pois a ansiedade aumenta e com ela os rituais mas ter tempo livre de sobra não ajuda muito pois como não estamos entretido em nenhuma atividade acabamos pensando mais no TOC e dando mais atenção ao rituais.

Aos mesmo tempo em que quero descansar quero ser produtivo. Ao mesmo tempo em que tenho várias coisas para fazer em casa, fico mais tempo no trabalho do que em casa só que não posso fazer no trabalho as coisas de casa e nem posso descansar no trabalho mesmo quando está sossegado. Só me resta, no trabalho, ficar ansioso com as coisas que tenho para fazer em casa, enquanto me sobra tempo para pensar nos rituais e em casa só me resta quase pirar de tanta coisa que tenho para fazer, ao mesmo tempo em que quero descansar pois uma mínima tarefa me custa muito esforço e tempo para realizar.
Tenho TOC a tanto tempo e era tão novo quando começei que quase não me recordo de como era a minha vida sem o TOC então não consigo imaginar como será a minha vida sem o TOC. Como seria colocar a camiseta que mais gosto ou a que mais combina com o meu humor e com a bermuda que estou? Como seria descer apenas uma vez a escada, ao invés de ficar subindo e descendo várias vezes até as pernas cansarem e eu ficar sem fôlego? Será que eu saberia andar na calçada pisando nas rachaduras ou teria de re-aprender a andar dessa maneira?
O pesadelo do TOC me persegue a tantos anos que não consigo sonhar acordado em como seria a minha vida sem ele. Muitas vezes me imagino com a Síndrome de Estocolmo, sou refém do meu próprio TOC e não sei como sobreviver sem ele. Tantos anos me tornaram um "dependente psicológico" do TOC por isso decidi e começei a fazer terapia seguindo a linha cognitivo-comportamental. Minha amiga Paula, uma ex-dependente do TOC :), tem me animado muito com seus depoimentos pois ela se libertou das garras do TOC fazendo terapia e provou que existe uma luz no fim do tunel (e não é o trem vindo não, é a cura mesmo). Dizem que nunca ficaremos livres dos pensamentos invasivos e das preocupações mas quem está livre deles? E levando essas preocupações a um nível aceitável, no qual dominamos os pensamentos e não somos dominados por eles já é uma enorme vitória.
Outra pessoa que tem me animado bastante é a Débora, ela quase sempre escreve no meu blog e lendo seus depoimentos, desde o 1o até o atual, percebemos a nítida melhora que ela vem tendo devido ao inicio do tratamento com medicamentos.
Se conheço pelo menos uma pessoa que venceu e outra que vem melhorando dia-a-dia com sua persistência não sou eu que vou parar no meio do caminho e dizer: Não brinco mais.
Dizem que "atrás de todo grande homem sempre tem uma grande mulher" mas no meu caso, como sou baixinho rs, preferi colocar essa grande mulher ao meu lado ao invés de atrás de mim pois não quero que ela me empurre para frente mas sim que ela me conduza e caminhe ao meu lado nas vitórias. E quando ela não facilita as coisas para mim ela me carrega nas costas fazendo as coisas por mim.
De quebra veio outra grande mulher - que por enquanto é pequena - para caminhar do meu outro lado mas creio que antes mesmo de que ela possa se entender por gente eu já esteja caminhando sem o TOC.
O que seria dos homens sem as suas mulheres :)

10 agosto 2010

Dia de cão

Não sei porque essa expressão "dia de cão" mas eu acho que ela cabe bem ao meu dia de hoje que mal começou. Sabia que tinha uma reunião as 9:00hs e eu odeio quando tenho reunião logo cedo - sim, para mim 9:00hs é cedo - pois isso me impõe um limite de horário para chegar ao trabalho e para quem tem TOC, horário para chegar nos lugares e pressão para não atrasar não acabam bem. Nunca consigo chegar antes das 8:30hs mesmo mas geralmente chego as 8:50hs ou no máximo as 9:00hs então ainda estaria dentro do horário. Hoje, claro, consegui bater o recorde e mesmo saindo de casa sem tomar café da manhã consegui me enrolar até chegar as 9:10hs aqui. Para variar aqui na empresa tem mais vagas reservadas do que vagas livres e as mais próximas do meu prédio ou estão reservadas ou já estão ocupadas mas também é querer demais chegar as 9:00hs e ainda encontrar vaga perto. Vaga para deficiente e vaga reservada por determinação médica para quem precisa tudo bem mas o pessoal ainda inventou de pintar algumas vagas reservadas para diretores, algumas vagas operacionais (não me pergunte para que servem pois sempre estão vagas) e como se ainda não bastassem essas vagas ainda existem algumas vagas em que se encontram cones e somente determinadas pessoas podem parar nessas vagas. Ainda bem que não existe descriminação racial aqui senão cada vaga teria uma cor diferente para cada cor de pessoa. Tudo bem, vamos parar longe então, mesmo que isso me custe ter que pular 40 rachaduras a mais, subir 80 - isso mesmo, oitenta - degraus a mais, fora desfilar minhas esquisitices por 50m a mais do que se eu parasse em uma vaga perto. Mas.... surpresa! nem as corriqueiras vagas distantes estão vazias.....o povo todo, em complô contra a minha pessoa é claro, resolveu vir de carro justo hoje que tenho reunião. Restaram duas opções, dar uma volta inteira em torno da empresa procurando vaga ou então dar uma de "joão sem braço" e parar em um lugar que não é vaga mas que não atrapalha ninguém e depois da reunião procuro uma com calma. Optei por parar em local "proibido" só por alguns minutos e depois de todo o ritual para fechar o carro, consegui pular as 50 rachaduras - 10 rachaduras próximas do meu prédio mais as 40 rachaduras por ter parado longe - subir os 100 degraus e chegar, em tempo recorde, as 9:10hs na minha baia :) E a reunião havia sido cancelada :(
Decepcionado e feliz ao mesmo tempo vamos tomar o café da manhã e quem sabe deixar o carro no local "proibido" afinal não será facil voltar no caminho descendo agora os 100 degraus, pulando as 50 rachaduras, achar uma vaga e fazer todo o ritual de fechar o carro e ainda ter que enfrentar os mesmos obstáculos de volta (cansei só de escrever). Mal acabo meu café e meu celular toca, era a secretária dizendo que a portaria pediu que eu retirasse meu veículo com urgência pois estava em local proibido. Acredito que cansados de ligar na minha baia e não encontrar ninguém ligaram para a secretária e ela ligou no meu celular para remover o veículo com urgencia. Pelo empenho do pessoal da segurança  fiquei com medo que meu carro estivesse  pegando fogo ou então impedindo que o helicóptero do presidente decolasse! Sorte dele que eu estava tomando café pois se eu tivesse acabado de entrar no banheiro para "obrar" ele ia ter que espera um pouquinho para decolar :)
Lá se foi a alegria de não ter que refazer o trajeto. Tirei o carro - que não estav apegando fogo nem impedindo ninguém de sair- rodei a empresa pois se 9:00 não haviam mais vagas imagina agora, as 9:45hs. Perto do prédio nem pensar em ter vagas, apenas os cones personalizados aguardando seus donos chegarem. No estacionamento meio longe onde eu estava também não.... no estacionamento mais longe ainda onde costumo parar quando não tem vaga haviam 3 vagas sendo ocupadas por 4 carros! Esses mereçem o prêmio de "melhor utilização do solo" mas deixa a segurança descobrir e já era a criatividade deles de transformar 3 vagas em 4.
Quando estava quase em desespero, achando que eu teria que parar no lixão (o pessoal deu esse nome porque é um estacionamento muito distante, ocupado pela caçamba de lixo) achei uma vaga abençoada no estacionamento distante, de onde havia retirado meu veículo perturbador da paz :). Agora é só fazer o ritual de fechar o carro, pular as rachaduras.... subir as escadas.... etc, etc.
É..... isso porque o dia mal começou.....

05 agosto 2010

TOC: Ou ele me mata de rir ou de vergonha

O TOC já me colocou em várias situações, algumas engraçadas, outras vergonhosas mas depois de 30 anos com ele e principalmente depois de ler tantos depoimentos e relatos sobre TOC ando achando as situações que ele me coloca mais engraçada do que constrangedora.
Terça cheguei ao trabalho atrasado para variar e na ansiedade de chegar logo à minha mesa claro que em determinados momentos os rituais ficaram um pouco pior. Quando vc está tranquilo, não fica tão ansioso e os pensamentos invasivos não te atrapalham muito e vc vai seguindo seu caminho. Mas quando vc precisa fazer algo importante, rápido ou quando há muitas pessoas te observando a ansiedade aumenta e com isso sua cabeça é inundada de pensamentos invasivos e começa o festival de rituais.
Subindo as escadas do trabalho eu ia seguindo com a minha mania de subir alguns degraus e voltar um para trás ou então apenas tocar o pé no degrau anterior. Quando havia alguém atrás eu subia um pouco mais devagar para que a pessoa me ultrapassasse e não notasse meus "coiçes" nos degraus anteriores ou  para que não levasse nenhum coiçe meu. Fui subindo até o meu andar e bem no final havia uma moça da limpeza passando pano na escada. Cumprimentei ela e, claro, subi 2 degraus e senti a necessidade de tocar no penúltimo degrau antes de continuar mas como voltar 2 degraus sem atrapalhá-la? Dei uma paradinha e nesse momento ela virou de costa para mim para molhar o pano e eu, sem sair do degrau que estava, estiquei a perna para trás, alcançei 2 degraus para baixo e toquei com a ponta do meu pé e rapidamente voltei para o degrau em que estava :).
Disfarçada básica, segui mais feliz por ter superado mais essa mas, para variar, senti que ela estava me olhando. Olhei para trás e vi, não somente ela mas também sua colega de trabalho que estava um lance de escada acima :(. No momento crítico de decidir em milisegundos como voltar atrás sem que ela percebesse, voltei todos meus 6 sentidos somente para a moça da limpeza ao meu lado e me esqueci que, apesar de eu ficar no último andar do prédio, ainda havia mais um lance de escada que leva ao telhado e que alí, não só poderia como estava, mais uma observadora das minhas esquisitiçes.
Sua colega deu uma risadinha e baixou a cabeça, provavelmente estaria se perguntando o porque daquele contorcionismo matinal bem atrás de sua outra colega.
É tia da limpeza, é rir para não chorar :)
Eu ainda vou ser preso por assédio sexual num desses disfarçes mal sucedido rs

02 agosto 2010

Começa tudo de novo.

Segunda-feira começa e com ela vem todo o stress do TOC. Incrível como no final de semana o TOC reduz bastante e na segunda ele começa mais atacado do que nunca. Ontem ao invés de assistir ao Fantástico eu assiti ao Domingo espetacular na Record e passou uma reportagem interessante sobre o TOC. Assim que tiver o link da matéria na internet eu coloco aqui.
Contou a história de 3 americanos que tem compulsão por armazenagem, eles guardam tudo quando é tipo de coisas que não tem utilidade em suas casas pois acreditam que um dia elas possam ser úteis ou porque tem algum valor afetivo. O 1o caso era um americano que guardava muitas coisas em seu pequeno apto em Nova Iorque a 10 anos já e fazia 2 anos que ele não tomava banho em seu banheiro, somente no banheiro da academia pois o seu banheiro estava abarrotado de coisas que ele guardava. O 2o caso era de uma americana que começou a guardar todo tipo de embalagem vazia, coisas quebradas, etc a ponto de em seu quarto só caber ela, seu marido dormia em um cômodo a parte pois era organizado e não gostava das bagunças da mulher. Essa americana, com a ajuda de uma "organizadora pessoal" separou algumas coisas para vender no bazar organizado na garagem de sua casa mas assim que ela conseguiu vender algumas coisas, pegou o dinheiro e foi em outros 3 bazares comprar coisas inúteis para variar. O 3o caso era de uma sra. que vivia com um filho e uma filha já adultos e o neto. Ela saia pela vizinhança pelo menos 3x por semana para pegar coisas que as pessoas jogavam no lixo mas que ela acreditava ser útil um dia.
A característica dessas pessoas que possuem TOC e tem compulsão por amazenagem é que elas acham que aquilo que estão guardando vai ser útil um dia, embora faça anos que guardam esses objetos sem tê-los usados uma única vez. Ou então elas acham que aquele objeto tem um valor snetimental muito grande e que não podem se desfazer deles. Um jeito de ajudá-las é separar as coisas que ela acha que tem menos valor afetivo ou menos utilidade e ir se desfazendo aos poucos até chegar nos de "maior valor afetivo e utilidade" segundo ela mas que na verdade também não possuem utilidade.
A reportagem mostrou também uma brasileira que tem TOC e compulsão por contagem. Tudo o que ela faz ela é obrigada a separar em 4, contrar cada uma 4x e ainda falar o nome de cada coisa 4x. Para fazer arroz ela separou na panela de um lado o óleo, de outro o sal, do outro a cebola e do outro o alho. Ela tinha que contar cada um deles 4x e falar: óleo, sal, cebola, alho, 4x também antes de misturar os ingredientes.
Ela nao quiz mostrar o rosto de vergonha e medo do preconceito, principalmente preconceito contra seu filho. Infelizmente as pessoas são muito preconceituosas e as crianças, que não tem uma boa educação em casa, acabam sendo até mais preconceituosos que seus pais.
Pena que não consegui gravar para disponibilizar no Youtube mas se alguém conseguiu ou sabe se em algum site tem a reportagem me avise que disponibilizo aqui.
PS.: Escrevi 2x para a Record mas não me deram resposta e nao achei a reportagem em nenhum outro lugar