22 agosto 2011

TOC: Uma doença ou uma frescura psicológica?

Entre 2,5 e 3% da população do Brasil e de Portugal (pois sei que Portugal também acompanha meu blog) deve ter ficado indignada com esse título porque sabe a resposta. Os outros 97% devem ter ficado curioso para saber a resposta ou então devem achar que sabem a resposta mas não sabem não. Dentre os leitores do meu blog acredito que esse número seja maior, uns 90% dos leitores devem ter ficado indignado e os outros 10% devem estar curioso.
Se vc faz parte dessa porcentagem que não gostou do título porque sabe que TOC é uma doença é porque vc é um portador de TOC. Se vc ficou curioso ou acha que TOC é uma frescura aqui vai a oportunidade de vc aprender e se esclarecer.
Não gosto de chamar o TOC de doença mas sim de transtorno como o próprio nome diz. Por ele não ser uma doença ele não tem cura, mas tem controle e esse controle pode fazer com que 100% das obsessões ou compulsões desapareçam.
Por ele não ser uma doença muitas vezes não demonstramos os sintomas, ou melhor, os sintomas não são visíveis para as demais pessoas. Por esse fato quem não tem TOC ou não tem contato direto com quem tem TOC acha que a pessoa não sofre com isso. O portador de TOC não tem cara de dor como alguém com cólica renal ou com as contrações do parto. O portador de TOC não é pálido, apático como algúem que tem anemia ou outro problema similar. O portador de TOC não manca, não anda de bengala e nem de cadeira de rodas como em algumas deficiencias física mas ele sofre do mesmo jeito. Ele sofre mesmo com um sorriso no rosto, ele sofre mesmo sendo alegre, divertido, engraçado. Ele sofre por dentro, calado, sozinho, ele grita mentalmente, sem abrir a boca e por isso niguém escuta seu grito de dor.
Por esse motivo muitos acham que TOC é uma frescura, é carência e que fazemos os rituais para chamar a atenção. Pensam que podemos parar a hora que quisermos, que tudo isso não passa de invenção da nossa cabeça. Quase acertaram, realmente é algo de nossa cabeça mas não gerado por nossa própria vontade. Não somos loucos, tanto que temos consciencia de que nossos pensamentos obsessivos e rituais são absurdos e por isso temos vergonha e procuramos ocultar isso dos familiares, nos escondemos das demais pessoas para realizar tais atos mas não conseguimos nos controlar e evitá-los. Por esse motivo interpretamos tal necessidade como "mania", uma espécie de loucura, fraqueza, desvio da conduta ou perversão, o que aumenta a auto-crítica e os sentimentos de culpa.
Já temos problemas demais com esse transtorno e com o sentimento de culpa, não nos sobrecarregue ainda mais com seus julgamentos ou intolerância. A melhor forma de ajudar um portador de TOC é acreditar que isso é um transtorno, que é mais forte que nós, que realmente não faz sentido o que pensamos ou fazemos mas que é muito difícil enfrentarmos nossos temores até mesmo para confirmar que são infundados, o que permitiria a nós nos livrarmos dele.
O TOC não deixa marcas visíveis e por isso todos acham que estamos sempre bem mas ele machuca por dentro, abre feridas internas que mereçem atenção tanto quanto as demais feridas.