02 outubro 2012

Estória de um transtorno obsessivo compulsivo

Gentem!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Esse mês tá dificil, meu nível de ansiedade subiu no máximo e o nível de serotonina deve ter caído lá no pé. Mas vamos seguindo em frente que o tempo não perdoa e não espera pelos retardatalhos.
Faz tempo que eu não conto um dos rituais que eu tenho, ou tinha, mas uma amiga me escreveu essa semana dizendo que é a minha amiga oculta pois não comenta os posts, apenas os lê e se sente um conforto lendo que acabei me motivando a escrever. Imagino que existam outras amigas e amigos ocultos que não comentam os posts mas estão sempre lendo esperando ver um pouco de si em cada post para não se sentirem um estranho, alguém único e esquisito portanto estou escrevendo para esses também.
Pensando nisso resolvi contar um ritual que eu tinha quando era criança. Era embaraçoso e me pregou algumas peças mas estou aqui para isso, para contar tudo sobre o TOC, inclusive os pensamentos absurdos, rituais malucos e situações inusitadas que eles nos coloca. Se eu contar apenas os pensamentos e rituais liberados pela censura muitos vão achar que seu TOC é o pior de todos e não terão a coragem de se abrirem aqui porém, na verdade, todo portador tem um pensamento ou um ritual que ele julga obsceno, imperdoável, imoral, ilegal ou que engorda.
Quando eu tinha meus 10-12 anos de idade tinha a compulsão de tocar na água da privada cada vez que eu usava o banheiro. Era uma compulsão forte e eu não conseguia sair do banheiro sem tocar, nem que fosse bem de levinho, na água da privada. Eu dava a descarga e depois de tocar a água eu lavava as mãos claro mas mesmo assim era horrível de fazê-lo (quem tem obsessão por limpeza ou contaminação deve ter infartado agora). Em casa nem tanto mas fora de casa era terrivel usar o banheiro e eu evitava ao máximo. Quando eu chegava da escola estava super apertado e para não ir ao banheiro eu tinha 2 opções: fazer xixi no jardim e arriscar alguém passar na rua e me ver ou então, ir ao quintal, subir no muro que ficava ao fundo e servia para segurar a terra e fazer xixi naquela área de quintal de dificil acesso.
Com o tempo peguei uma inflamação no dedão da mão e formou pus, provavelmente por causa da água da privada e evitei ao máximo usar o banheiro para fazer xixi. Utilizava o jardim que tinha algumas roseiras e eu podia me esconder ou fazia rapidinho no quintal do fundo pois estando em cima do muro os vizinhos podiam me ver. Esse ritual, como vários outros, começou a ficar fácil demais então minha mente foi realizando uma metamorfose nele e não bastasse fazer xixi no jardim eu ainda tinha que deixar pingar algumas gotinhas no meu sapato (não acredito que estou contando isso aqui rs. Tudo bem, tem outros piores que esse).
Numa das vezes que subi no muro, começei a fazer xixi e escutei uma voz dizer: miguelito!. Era o pai das minhas vizinhas - duas irmãs amigas minhas - me olhando fazer xixi. Muito rápido interrompi o xixi - acho que todo mundo sabe o quanto dói interromper o xixi - e pulei do muro ainda subindo o shorts quando escutei meu vizinho novamente: Ô miguelito, pode fazer seu xixizinho, não queria atrapalhar vc.
Maluco! O choque foi tanto que corri para o banheiro, fiz xixi bonitinho e nem encostei na água da privada ou pinguei as gotinhas no sapato rs.
Não me lembro como substitui esse ritual por outro mas até hoje tenho sonhos no qual estou fazendo xixi em público e alguém me ve.
Passei apuros e vergonha por causa do TOC, me coloquei em situações ridículas por causa dele mas ele fez parte de mim por muito tempo. Ele ainda faz parte mas com menor intensidade. Depois que começei a tomar antidepressivo os pensamentos melhoraram muito e agora fazendo TCC estou conseguindo largar o vicio das compulsões.
Leio muitos relatos de pessoas desesperadas por causa do TOC e realmente as vezes ele nos dá desespero mas não é sempre. Se vc sobreviveu com o TOC até aqui conseguirá sobreviver mais algum tempo até achar o medicamento ideal ou a psicóloga certa.
Sei que a maioria sempre escreve no blog quando está em desespero mas seria legal ouvir estórias divertidas ou ler momentos de tranquilidade no TOC pois isso é possível.
Até o próximo post pessoal

11 agosto 2012

Nhec, nhec

Não consigo ficar longe do blog e nem quero ficar longe dele :). Mesmo com o TOC buzinando atrás para eu apressar o passo eu preciso parar um pouco para escrever. Não é todo dia que estou com vontade de contar as desventuras do TOC mas como recebo muitos emails me sinto compelido a escrever e mostrar para todos quem é esse TOC de verdade.
Sou como uma montanha-russa, tenho vários altos e baixos mas não sei se isso é do TOC ou uma comorbidade como transtorno bipolar. Hora estou animado e logo em seguida desanimado, hora calmo e outras horas ansioso. Quando estou ansioso e não consigo sair de um ritual fico muito irritado.
Eu levanto muito da cadeira e vou até o banheiro para lavar as pontas dos dedos. Ir até lá é fácil, o duro é voltar pois fico entrando e saindo do banheiro, molhando as pontas dos dedos. Quando tem alguém no banheiro é um pouco complicado, preciso disfarçar e espero a pessoa sair para eu poder entrar e sair a vontade.
A droga é que o banheiro aqui é perto das salas das pessoas e o na porta tem uma mola para fazer a porta fechar sozinha. Em parte é bom pois não preciso eu mesmo fechar a porta (também tenho problemas com isso) mas a parte ruim é que o tio da manutenção não passa muito por aqui e a porta está rangendo cada vez que abre e fecha.
Um dia desses eu estava tão ansioso que abri e fechei a porta umas 15x, num intervalo de tempo muito curto e aquele nhec, nhec da mola realmente estava irritante até que alguém se levantou do lugar e veio ver o que estava acontecendo com a porta. Quando dei de cara com o colega de trabalho entrei correndo no banheiro e me tranquei na casinha. Nâo queria sair de lá de vergonha, muitos menos queria abrir novamente a porta do banheiro por causa do nhec, nhec. Uns choques desses as vezes é bom pois acho que a descarga de adrenalina faz aumentar a serotonina e o TOC quase que desaparece. Quem gostaria mesmo de desaparecer era eu mas os rituais diminuiram drásticamente e consegui sair do banheiro abrindo apenas 1 vez a porta.
Seria cômico se não fosse trágico.

28 junho 2012

Esquisito, estranho, perturbado? Eu?

Vc se acha esquisito, estranho, perturbado, um pontinho fora da curva? Ou se considera uma figura, coisa rara, uma pessoa dez.... "dezmiolada"......? rs Eu me acho um freak. Tenho pensamentos automáticos que nunca paro para pensar neles quando paro e penso me mato de rir. Os rituais então nem preciso falar, já ri várias vezes deles enquanto contava aqui no blog. Dizem que o homem é o único animal que ri mas eu descordo. A hiena também é um animal que ri e conheço vários cachorros que riem também!!! Mas com certeza o homem é o único animal que ri de si mesmo! > Mas o que fazer se não "rir"? É rir para não chorar! Levar na esportiva, não deixar a peteca cair, esse tem que ser o espírito de quem tem TOC. E esse é o objetivo do blog, um dar suporte ao outro seja com palavras ou com depoimentos. > Tem um ditado que diz: "Em terra de cego quem tem um olho é rei". Eu já diria: Em terra de cego quem tem um olho é esquisito, estranho, diferente, por isso prefiro estar no meio de quem tem TOC, conversar com quem tem TOC, me abrir com quem tem TOC. > Não é só porque eu escrevo que não tenho necessidade de ler também. Gosto quando pessoas contam no blog suas estórias e manias pois não me sinto tão estranho, tão esquisito, me sinto normal vendo tantas pessoas iguais a mim. Diferente passam a ser os outros que não tem TOC e não me compreendem. > O TOC nunca me atrapalhou na vida acadêmica. Sempre fui bom aluno e tirei boas notas. Tinha meus rituais na sala de aula, rituais para fazer os exercícios, demorava mais que os demais para fazer uma prova mas mesmo assim conseguia terminar antes que muita gente e tirar notas melhores. Escolhi um curso que gostava e terminei no prazo mas descartei algumas profissões por achá-las incompatíveis com quem tem TOC. > Gostaria de ouvir estórias em relação aos estudos de outras pessoas que tem TOC . Como foi ou como é estudar com TOC, cursar uma universidade com TOC, se formar e ter TOC. Pode ser que com alguns o TOC tenha sido mais cruel na área acadêmica ou alguém tenha desistido da profissão que sempre amou por causa do TOC. > Não importa se o depoimento é anonimo ou com um nome fictício, o que importa é que seja verdadeiro. Convido a cada um que se sentir confortável a contar aqui a sua estória sobre o TOC em relação aos estudos. >

19 abril 2012

Catástrofe ou tempestade em copo dágua?

Nós, portadores de TOC somos perfeccionistas, gostamos das coisas certinhas, muitos gostam de tudo alinhado, outros gostam da limpeza ao máximo. Esse negócio de "mata até 99% do germes" não serve para nós, ou mata 100% ou não serve para nada. Somos inteligentes e criativos :), aqueles que tem compulsão conseguem inventar uma desculpa em milissegundos quando é pego "com a boca na butija", fazendo aquele ritual ridículo de bater em todos os postes: "ah, sempre tive curiosidade em saber se os postes eram ocos ou não". Ou aquela mania idiota de abrir e fechar a porta do carro várias vezes conferindo se ela realmente está fechada, pô, se vc ligou o alarme e ele trava as portas é claro que ela está fechada. Mas se alguém ve e lhe questiona isso vc rapidamente diz: "Essa borracha da porta está uma porcaria, eu fecho e ela não veda direito então tenho que fechar novamente." Nem preciso falar o quanto somos ansiosos pois até hoje não sei se somos ansiosos porque temos TOC ou se temos TOC porque somos ansiosos. NÃO somos loucos apesar de parecer loucura essas nossas obsessões e compulsões. E somos catastróficos........ e como somos!!!!! Parecemos aquela hiena do desenho animado que vivia com uma nuvem negra sobre a cabeça e ficava o desenho todo dizendo: Óh céus, Óh dia, Óh azar (os mais novos procurem no google para saber que desenho é esse). Se algo pode dar errado temos certeza de que vai dar errado, até colocamos a culpa no Murphy (é a lei de Murphy). Se algo tem 80% de dar certo, acreditamos que com certeza absoluta estaremos nos 20% de que vai dar errado. Se não há a menor possibilidade de dar errado nossa mente arruma argumentos e nos convence que de VAI dar errado. Esse é o problema, somos tão inteligentes que nossa mente consegue enganar a si própria. Exageramos e super valorizamos nossos pensamentos, sempre inclinando-nos para a catástrofe. Qualquer pessoa, portadora de TOC ou não, pode ficar em dúvida se realmente fechou a porta de casa. Pelo menos umas 2 vezes na vida já voltou uns metros para ver se o gás realmente estava fechado. Qualquer pessoa, com certeza já desvirou um chinelo virado porque ouviu a vó falar que chinelo virado dá azar ou não coloca a bolsa no chão porque não tras dinheiro. Já endireitou um quadro porque estava torto, já lavou as mãos depois de cumprimentar outra pessoa. Quem nunca forrou ou até hoje forra a privada com papel higiênico como se ele fosse algum filtro para bactérias ou tivesse germicida capaz de higeinizar a privada? Até aí tudo bem mas fazer disso uma obrigação, fazer essas coisas várias vezes e não se sentir bem se deixar de fazê-las uma única vez, tornar isso parte integrante da sua vida somente os portadores de TOC fazem. Levamos tudo ao extremo, limpeza ao extremo, dúvidas ao extremo, simetria ao extremo e perfeccionismo ao extremo. Tenho uma amiga que me escreveu e disse uma frase muito interessante: "


as vezes eu acho que se minha vida fosse uma folha de papél rabiscada, eu viveria apagando para começar de novo...e de novo.

Isso sintetiza a mania de perfeição. 
Temos a mania (claro, todo portador de toc tem manias) de "catastrofizar" as coisas. Vou explicar essa palavra que inventei: O portador de TOC tem pensamentos catastróficos, ele sempre acha que tudo vai acabar da pior maneira possível e sua mente viaja nos pensamentos que os fazem chegar a conclusão de que tudo vai dar errado e acontecer da pior maneira possível. Mas na verdade a maioria das situações não passam de uma tempestade em um copo dágua. Depois que tudo passa vemos o quanto supervalorizamos nossos pensamentos catastróficos. Acreditamos cegamente em nossos pensamentos, em nossos sexto sentido e achamos que realmente tudo é verdade e pode acontecer mas não é assim. Podemos ser mais inteligentes que pessoas que não tem TOC mas não temos um sexto sentido mais aguçado do que eles, nossos pensamentos não são poderosos a ponto de acontecer o que pensamos. Acreditar nisso já seria muita presunção de nossa parte. Achamos que somos semi-deuses? Que temos o poder de prever o futuro? Piorque isso, achamos que temos o poder de mudar o presente e o futuro com nossos pensamentos? Sinto lhes decepcionar mas as coisas vão acontecer ou deixarã ode acontecer independente do seu pensamento bom ou pensamento mal, independente se vc realizar aquele ritual ou deixar de realizá-lo. Vamos parar de achar que podemos alterar o curso dos planetas com nossos pensamentos? Vamos dar um basta cada vez que começamos a imaginar coisas e que isso for crescendo catastroficamente como uma bola de neve? Vamos nos contentar com o bom ao invés de buscar sempre a perfeição? Então vamos combinar que cada vez que o desespero vier, cada vez que nossa mente começar a ser inundada por pensamentos ruins vamos imaginar um enorme letreiro com a palavra PARE em maiúsculo e em vermelho piscando e vamos interromper o pensamento na mesma hora? Vamos mudar de assunto na nossa cabeça e lembrar que não temos super poderes? Quem estiver dentro desse desafio toca aqui (e nada de falar as mãos correndo depois de tocar aqui) Aguardo os comentários de quem está dentro e dos relatos de sucesso :)

07 abril 2012

Ida ao dentista

Não acredito que não escrevi nenhum post em março!!! Imperdoável! Bom, ontem foi dia de dentista. Na verdade semana passada fui ao dentista e essa semana também, tortura em dose dupla. Como a maioria das pessoas eu também não gosto muito de ir ao dentista, se for dentista mulher ainda dá para dar um desconto rs. Eu tenho pavor de injeções e a idéia de ser espetado por uma agulha na gengiva ou céu da boca dá calafrios. Outra coisa que dá arrepios é aquela broca desgastando seus dentes e as vezes pega no ponto exato, bem naquele ponto que liga seu dente com seu cérebro e vc sente aquela dor aguda que sobe até a cabeça. Mesmo assim por muitas vezes preferi essa dor do que as agulhadas da anestesia. Mas tem coisas bem piores de ir ao dentista do que a anestesia ou a broca perfurando o cérebro. Uma delas é o dentista apoiar em seus lábios aquele maldito ferrinho que ele usa para tentar arrancar a restauração do dente sem usar a broca. Ele finca aquele objeto pontiagudo na sua restauração (conhecida como obturação) ou cárie e usa seus lábios como apoio para fazer uma alavanca e fica pressionando seu lábio com o cabo da ferramenta. Isso dói e deixa seus lábios inchados como se tivesse beijado uma abelha. Outra coisa horrível é aquele sugador do mal. Independente se o dentista tem uma assistente ou não o sofrimento é o mesmo. Ela fica segurando aquele sugador num canto da sua boca e esquece da vida. Fica lá pensando se sai com fulano ou ciclano e enquanto isso sua boca vai secando, ela sorrindo ao lembrar do fulano e sua boca secando!!! Até que ela acorda e resolve tirar um pouco o sugador já que o dentista não está trabalhando no seu dente. Ai é outro tormento, o dentista volta a trabalhar, aquela água vai sendo jogada pela broca em seu dente e a assistente não consegue achar um espaço para colocar o sugador. O nível da água vai subindo, vc vai segurando sua garganta como pode, começa a suar frio pois está quase se afogando na própria saliva misturada à agia da broca e o inevitável acontece!!! Num reflexo sua garganta dá aquele gole naquela água cheia de saliva, pedaços de restaurações e sangue argh! Para quem tem medo de contaminação isso é a combinação perfeita para uma explosão de obsessões. Aí a assitente corre com o sugador mas já é tarde. E aquele molde do "coisa ruim"? Do "pé torto"? Aquele anel de ferro que o dentista usa em volta do seu dente para fazer um molde para colocar resina na panela aberta por ele? Na hora de colocar o anel é sofrido! O dentista aperta o anel contra seu dente, faz aquela força enorme para ele entrar e de repente finca ele em sua gengiva. Ai vc não ve só estrelas mas a constelação inteira. Na hora de tirar o parto é maior, vc acha que ele vai arrancar o anel junto com o dente recém restaurado.
E por aí vai, se eu for contar tudo o que sofri nesses dois dias vcs vão começar a chorar rs. Num dia tratei um dente e no outro dia foram 3 dentes de uma só vez. Dose tripla de sessão de tortura e horror. Tenho obsessões religiosas e fico fazendo orações mentais para não precisar tomar anestesia, faço orações para não doer muito, imploro mentalmente para acabar logo e não posso nem me mexer para fazer uns rituais e diminuir a ansiedade, tem que ser tudo no pensamento mesmo. Depois penso: mas de que adianta todo esse sofrimento antes, durante e depois da sessão de dentista? Meus pensamentos não tem poder de mudar nada, posso pensar o quanto quiser que não vouconseguir aliviar um segundo do sofrimento. E pior, ao invés de sofrer apenas durante o tratamento, sofro antes e depois também.
Quem tem TOC tem a mania de sofrer por antecipação, tem o pensamento catastrófico de que tudo vai ser pior do que realmente é e acaba por sofrer desnecessariamente. Fico imaginando como seria um dentista com TOC? Se ele tiver obsessões com números, ele ficaria contando todos os seus dentes enquanto vc está lá com a boca escancrada? E se for de simetria ele faria a restauração num dente e no seu dente simétrico, do outro lado da boca? Iria desgastando ambos até ficarem identicos? E obsessão por verificação ou perfeição? Faria 5x a restauração no mesmo dente para ter a certeza de que realmente removeu a cárie e que o dente ficou identico como era antes? Nunca encontrei um dentista com TOC e nem gostaria de encontrar, aliás não quero encontrar nenhum tipo de dentista tão cedo, não pelo menos por uns 6 meses até a próxima revisão rs. Nada contra os dentistas, se não fossem eles ninguém mais sorria mas quando vão inventar um método indolor de cuidar dos dentes? Eu acho que existem portadores de TOC que são dentistas assim como existe portador de TOC em qualquer outra profissão e em momentos críticos conseguimos controlar nosso TOC. Se fazemos isso em determinados momentos porque não podemos fazer isso sempre? Se conseguimos controlar nossa mente quando outra pessoa está em risco ou em jogo porque não conseguimos fazer isso a todo momento? Se vc ainda não é formado não escolha uma profissão de acordo com seu TOC, não deixe ele limitar sua escolha. Escolha o que vc realmente gosta independente se isso vai de encontro ou não com suas obsessões. Aliás, nunca deixe o TOC limitar nada na sua vida, basta os pensamentos te incomodarem, não deixe que eles também o guiem. E se vc optar por fazer odontologia considere esses meus comentários :)

12 fevereiro 2012

Amor e TOC

Sei que ando escrevendo pouco, praticamente 1 vez por mes quando eu gostaria de escrever na verdade 1 vez por semana mas é que esse novo trabalho está ocupando mais o meu tempo e está dificil de parar para me concentrar e escrever. E como eu disse, não quero escrever por escrever ou somente para desabafar. Se fosse para desabafo escreveria um por dia :) Outra coisa também que fez com que eu diminuisse a frequencia dos posts foi a falta de esperança, de perspectiva, falta de enxergar uma luz no fim do túnel (não aquela luz que as pessoas enxergam quando estão com um pé lá e outro pé cá rs).
Todo dia eu vivo a frase "eu era feliz e não sabia". Parece que todo dia eu descubro que era mais feliz no dia anterior. Tudo isso parece meio melancólico mas não consigo evitar. Acho que sou igual aos boêmios que só conseguiam escrever bossa nova quando estavam melancólicos, sofrendo de amor. Estaria eu sofrendo de amor? Porque geralmente só consigo escrever posts e eles só saem legal quando estou melancólico. Então como cheguei ao trabalho inspirado a escrever acho que sim, que estou sofrendo de amor, só resta saber se esse post vai sair legal. Que dureza, não bastasse sofrer de TOC agora também estou a sofrer de amor? Lembro de que quando eu era mais novo eu vivia pelos cantos a sofrer de amor, coisas de adolescente. E parece que eu gostava disso, gostava quando estava sofrendo de amor pois quando estava tudo bem eu ficava tenso, ansioso, esperando algo dar errado pois eu acreditava que não podia ser feliz completamente. Eu achava que o universo tinha que estar em equilíbrio e estar em equilibrio significava algumas coisas dando certo em minha vida e outras, na mesma proporção, dando errado. Quanto mais as coisas davam errado aumentava a esperança pois para equilibrar significava que coisas boas estavam por vir mas quando tudo estava dando certo, correndo bem, vinha o medo de que a qualquer momento o rumo da minha vida ia mudar. Era como se eu não tivesse o direito de ser feliz, eu podia ser em parte feliz e em parte triste, talvez mais triste do que feliz mas nunca mais feliz do que triste. Fica dificil dizer se isso era por causa do TOC ou por causa da minha personalidade mas com certeza se era da minha personalidade foi porque ela fora moldada assim por causa do TOC então eu declaro o réu TOC "guilty"! (ando assistindo muito Law & Order rs) Depois de muito tempo vivendo assim eu acordei para a vida e descobri que eu tenho o direito sim de ser feliz e não preciso esperar me curar do TOC para começar a ser feliz. Descobri que na vida existem sim um equilibrio pois não ganhamos 100% das lutas mas também não perdemos 100% e esse equilibrio não significa perder 50% e ganhar os outros 50%, ou que para cada alegria haverá uma tristeza!. Equilibrio significa que para tudo temos 50% de chance de dar certo e 50% de dar errado. Há 50% de chance dele (ou dela) olhar para nós e sorrir como existem outros 50% de chance dele (ou dela) nem notar a nossa presença. Pare com o sentimento de autocomiseração, de que vc é um ser estranho e está destinado a ser infeliz para o resto da sua vida porque isso não é verdade. As vezes me pergunto se realmente eu quero me curar? Claro que o TOC é horrível e o que mais quero é me livrar desses pensamentos que me comandam tal como a uma marionete mas sem o TOC o que seria a minha vida? Na minha mente obsessiva o Id quer prazer e acredita que eu posso e devo ser feliz. Ele é insaciável e quer as coisas para ontem aumentando a minha ansiedade. Ele não tem paciencia, não sabe esperar e me faz querer a cura a qualquer custo pois ele é exigente, impulsivo, cego, irracional e antissocial. Ele controla o meu desejo e minhas obsessões de conotação sexual. Meus piores pensamentos são frutos do seu desejo. Mas aí vem o Ego trazendo a razão, o planejamento e a espera no comportamento humano, porém com o TOC o Ego acaba sendo vencido e nada mais do que eu faço tem sentido. Não há razão para minhas compulsões mas mesmo assim eu as realizo, contrariando o Ego. Ele que veio para permitir-me realizar os desejos no Id na hora certa, maximizando o prazer e minimizando as consequencias negativas, mas acaba por me escravizar com o medo excessivo das consequencias negativas. Por último porém mais importante, entra o Superego para completar esse triangulo de desejo, realidade e moral controlados pelo TOC. O Superego, que é a parte moral da mente humana, controlado pelo TOC nos faz sentirmos culpados por nossos pensamentos obscenos, impróprios, improváveis, inaceitáveis perante os valores recebidos pelos pais e pela sociedade, nos punindo por esses pensamentos através de rituais cansativos ou através de ruminações mentais. Meio a esses três senhores que formam a minha personalidade está o TOC , cruel e dominador, e do outro lado está o meu coração, sofrendo de amor.
Atire a 1a flor aquele que nunca teve um amor platônico.

03 janeiro 2012

Feliz ano novo a todos

Mais um ano se passou e estou aqui novamente desejando feliz ano novo a todos. O Blog já tem 1 ano e meio!!!! Nem parece que faz tanto tempo que tenho postado as minhas manias chatas e cansativas para voces lerem. Será que alguém já se cansou de ler essas coisas "aborrecivas" e desistiu de me seguir? Bom, se alguém já o fez com certeza não estará mais aqui para levantar a mão e dizer: Eu cansei de ler essas loucuras! Se alguém se cansar por favor se despeça antes de partir, nem que seja um breve e curto: Fui! :)
Mes de dezembro é mes de correria. Muitos tem metas para bater antes do fim do ano, muitos tem que fazer em dezembro tudo o que prometeram não mais fazer a partir de janeiro de 2012 e todos tem que comprar presentes e mais presentes para a troca no final do ano. E nada melhor para quem tem TOC do que festas de fim de ano!! Melhor que isso só festa de aniversário infantil para quem tem obsessão por limpeza. É o aniversariente e mais 9 amiguinhos soprando a velinha do bolo. Parece que dá até para ouvir a gotícula de saliva caindo e se espatifando na cobertura. E essas velas que não se apagam nunca!!? Meu!!!! Já não basta aquela cusparada toda no bolo para apagar a vela e quando finalmente ela se apaga, eis que como "fenix" resurge das cinzas para então levar mais uma chuva de saliva! Gosto mesmo de bolo de casamento, além de não ter velinhas para os noivos apagarem ainda tem aquela mágica de: sai o bolo com um pedaço cortado pelos noivos e entra ele já todo fatiado e embalado a vácuo em papel alumínio e sem contato manual rs (o que os olhos não veem o coração não sente).
Família grande e reunida, começa a faltar talheres e um usa o o do outro, aquela mesa posta para o jantar, linda, simétrica começa a ficar desorganizada, Voce resolve dar uma volta pela casa para espairecer mas toda madeira vc tem que dar um toque e foram escolher justo a casa daquela pessoa bem conservadora que ama tudo feito em madeira. Ir para o quintal nem pensar pois 99% dos quintais são feitos de ladrilhos ou cimento queimado cheio de rachadurinhas dificil de pular. E falando em pular vem o fim de ano, praia, cada um com o seu ritual para entrar 2012 com força. É pular onda, comer uva com caroço, romã na carteira, lentilha, etc. Para quem passa a vida inteira fazendo rituais não quer nem ouvir falar em mais rituais!!
Pelo menos é o único dia do ano em que vc se sente "em casa", onde fazer rituais agora é nomal. Todos os dias do ano te olham torto se vc bate 3, 4 ,5, 100 vezes na madeira mas nesse dia o ritual ta liberado, aliás, o ritual é obrigatório.
E finalmente 2012 chega e nada! Nada muda, seu TOC não desaparece milagrosamente, vc começa a adiar as suas promessas para "depois do carnaval" e a vida continua. E continua com o TOC agarrado ao seu pé, feito chulé.
Não adianta promessas, simpatias, não resolve adiar sua decisão de se livrar do TOC. Não espere o ano novo, o carnaval, vc melhorar de humor ou seu medo de germes diminuir para vc sair de casa e procurar um psiquiatra. Vc não é louco, eu sei, afinal eu também tenho TOC e não sou louco pois nenhum louco tem consciência de sua doença, nenhum louco tem vergonha de suas loucuras mas quem disse que psquiatra é médico de louco? Sua avó dizia isso? Vc tem medo de procurar um médico? Medo de que? De ser curado por ele? Tem vergonha de contar o que voce faz, seus rituais? Desculpe mas vc não será a 1a pessoa a relatar esses rituais para o psiquiatra e nem será a última (infelizmente). Ele deve estar careca de ouvir esses relatos e se ele realmente for careca melhor, se tiver cabelos brancos então nem se fale pois esses são os mais pacienciosos, mais atenciosos e no fim da consulta nos fazem sentir normais como realmente somos.
Ninguém vai arregalar os olhos, chamar uma comissão de médicos, colocar eletrodos em vc e começar a pesquisar vc como uma cobaia. Bom, a 26 anos atrás quando procurei uma psicóloga ela quase fez isso mas os tempos mudaram, a ciência e o estudo da mente humana evoluiu e com certeza essa psicóloga já deve ter se aposentado (ou morrido).
Vc não precisa contar todos os rituais e pensamentos, muito menos aqueles escabrosos que nem eu tive coragem de relatar em um post. Basta contar alguns, os mais relevantes e um bom médico saberá diagnosticar se é TOC ou não. No máximo ele irá relatar 3-4 sintomas do TOC e perguntará se vc tem algum desses sintomas e vc com os olhos arregalados ira dizer: sim, eu faço exatamente isso, como o senhor descobriu?
Falando, ou melhor, escrevendo parece fácil mas eu sei que não é. Se quiser ir criando coragem e começar me escrevendo os seus sintomas e tal tudo bem, lerei com prazer mas não demore em procurar ajuda. Procure um psiquatra ou psicóloga, quem vc se sentir melhor pois provavelmente com o tempo um vai indicar o outro. A psicóloga não vai te fazer uma lavagem cerebral e o psiquiatra não vai te deixar topadão com os remédios, vai por mim. Eu, pelo menos, continuo com todas as faculdades mentais funcionando :)
Boa sorte e pois me conte como foi lá com o doutor ;)