03 junho 2011

Jogo de Xadrez

Para mim a vida as vezes é como um jogo de xadrez. Nunca havia parado para pensar, mesmo porque não conhecia outras pessoas com TOC então não sabia que isso que eu fazia era específico de quem tem TOC mas depois começei a perguntar para as pessoas que tem TOC e as que não tem e vi que quase todos os portadores de TOC imaginam situações que ainda nem aconteceram como se fosse um jogo de xadrez. Explico melhor: Nós portadores de TOC temos a mania de criar todo o desenrolar de uma situação que ainda não aconteceu como se ela estivesse acontecendo naquele momento e ficamos imaginando como iriamos responder se a outra pessoa fizesse tal ação e qual ação a pessoa tomaria se respondessemos dessa maneira. As vezes quando estou dirigindo não preciso levar uma fechada para iniciar esse processo, basta eu ver outro carro fazendo alguma coisa de errada com um terceiro carro e já começo a imaginar a cena se essa situação fosse comigo. Imagino a pessoa entrando na minha frente com o carro e eu teria duas opções: frear bruscamente ou desviar de lado. Como num jogo de xadrez imagino as duas situações na minha mente: se eu freasse bruscamento então o de trás teria que frear também. Se eu desviasse teria que fechar o carro ao lado. E também imagino o que os carros de trás e do lado teriam que fazer se eu tomasse uma dessas decisões e então baseado nas decisões que eles poderiam tomar eu também teria que tomar outras e essa bola de neve de opções de reações e as possíveis causas e efeitos vai crescendo até eu me dar conta de que estou imaginando uma situação que nem aconteceu.
É comum também quando alguém me conta, por exemplo, sobre um assalto em que a pessoa foi baleada e já começo imaginar um ladrão entrando na minha casa e aí eu pegaria uma arma (que nem possuo) e me esconderia atrás da escada e ele subindo as escadas, eu chegando por trás dele e renderia ele. E se ele tivesse um comparsa então eu daria uma gravata nele e me protegeria com o corpo dele do seu possível comparsa assim se ele atirasse pegaria no amigo dele e então eu atiraria nele. Ou então imagino ele entrando, eu chamando ele para ele se virar para mim então eu atiraria nele e aí pegaria a arma dele e atiraria na parede para simular uma possível legítima defesa e então..... por aí vai. Parece uma viagem e na verdade viajo nesses pensamentos até chegar nos possíveis desfechos ou então até eu acordar e me ligar que esses pensamentos não vão me levar a lugar nenhum.
Acho que já vivi toda e qualquer situação através desses pensamentos. Estou mais preparado (pelo menos na teoria) para um assalto do que qualquer pessoa do grupo SWAT. Sou capaz de escapar de qualquer acidente de trânsito pois já vivi todas as situações possíveis e seus possíveis desfechos para cada ação tomada rs.
É isso aí, quem já viveu essas situações malucas em que vc começa a imaginar ações e reações e destrincha isso como uma jogada de xadrez põe a mão aqui.

12 comentários:

  1. Eu faço isso. O.O

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  2. Bom dia Junior...não sei se vc assistiu o mais você hj,teve uma reportagem sobre o TOC...depois da uma passada no meu blog,que eu postei sobre o que achei da reportagem...eu nao gostei,achei que bagunçaram muito,misturaram doenças...depois da uma olhada la...e depois eu volto pra ler seu post do xadrez...agora do correndo com a casa rs bj e ótima terça. Débora

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  3. Oi Junior, sou Caroline, estou grávida e descobri que tenho TOC a uma semana, na realidade descobri que sempre tive. Mas depois de uma séria crise, na qual eu quase enlouqueci, procurando todos os recursos espirituais possíveis, acabei indo num bom psiquiatra, que diagnosticou a doença exatamente como o seu médico, como se estivesse falando de uma gripe, acredite, isso tb me deixou bem mais tranquila... Pensei, "meu Deus eu não sou uma pessoa malígna, tenho uma doença". Agora até a medicação fazer efeito, pq é fraca para proteger a minha bebê e também andando com o tratamento psicológico, tenho procurado muita informação e acredite, seu Blog foi um achado.

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  4. Que bom que gostou do meu blog Caroline. Fico feliz tb que não se importa em falar do seu TOC. Eu tb não ligo de falar da minha doença mas não gosto muito de me expor pois existem muitas pessoas ruins e preconceituosas. De quantos meses vc está? Já sabe se é menino ou menina? Fique a vontade para falar do TOC ou perguntar. Se quiser pode escrever para meu email.
    Espero manter contato com vc
    Beijos
    Junior

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  5. Estou de 5 meses e é uma menina. Eu te adiocionei no facebook, você pode confirmar seu e-mail por mensagem? Gostaria muito de compartilhar e trocar idéias sobre o TOC, que confesso, que tem dias que exige que eu seja uma pessoa melhor e outros, me deixa muito cansada...

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  6. Parabéns pelo blog! É muito bom saber que existe um universo de pessoas como nós. Vou acompanhar o blog sempre! Beijinhos...

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  7. Oi... Sou uma estudante de 19 anos, e acho, na verdade tenho quase certeza de que tenho toc. Já faz um tempo que eu pesquiso sobre o transtorno obsessivo compulsivo; mais ou menos uns três anos, quando eu percebi que o tinha. Eu já havia encontrado seu blog, mas não tive coragem de escrever. Meu toc, na realidade começou há uns seis anos: eu fui ao Japão quando tinha treze ou catorze anos e talvez por ter sido uma das piores épocas da minha vida (eu senti muita falta do Brasil, estava acostumada a outro mundo) comecei a apresentar sinais de toc, um ano depois, comecei a realizar um ritual no banho; tinha que esfregar cada parte do corpo no mínimo quatro vezes, e o toc foi aumentando... Até aí, para mim, isto era normal, mas passados três anos com aquelas esquisitices, comecei a estranhar. Voltei ao Brasil (o melhor país do mundo), foi uma alegria só, entretanto o toc só piorava. Um dia, do nada, me veio à cabeça uma entrevista de uns cinco ou seis anos atrás, em que o famoso Roberto Carlos falava de suas manias, e falava que tinha toc. Nossa! comecei a pesquisar e percebi que me enquadrava em muitas das características das quais uma pessoa com transtorno obsessivo compulsivo possuia. Naquele momento me senti muito mal, mas depois me acostumei com a ideia. Ninguém sabe que tenho toc, nem mesmo meus pais, somente duas pessoas (uma grande amiga, e um também amigo que já teve toc). Como você mesmo disse muitas das manias foram se modificando com o tempo e também tenho a mania de pensar em muitas tragédias e planejar um fim feliz, como em assaltos, sequestros, e acidentes. O grande problema é que neste momento de minha vida, estou me dedicando aos estudos, pois quero me tornar médica ou arquiteta ou até mesmo engenheira (estou em dúvida), mas enfim eu realmente preciso de tempo, pois também estou ajudando meus pais, que acabaram de abrir uma pizzaria, e com o toc fica um pouco difícil. Muitos sintomas já consigo controlar, mas o pior de todos não: antes eu demorava meia hora no banho; agora demoro uma hora e quanto mais eu luto, mais piora. O meu toc é meio que de limpeza, e eu o faço não porque eu acho que algo de ruim vai acontecer, mas porque eu acho que as coisas estão contaminadas. Me sinto péssima por ¨acabar com a água do mundo¨, sempre que posso desligo o chuveiro e me ensaboo repetidamente, e por isso gostaria de saber se existe algum tipo de terapia que eu possa fazer em casa. Eu não tenho vergonha de pedir ajuda, eu só não queria decepcionar meus pais. A propósito, eu queria dizer que o seu blog é muito bom, muio bom mesmo e eu sei que não tem nada a ver, mas como é ser um engenheiro? É que talvez eu prossiga neste ramo. Muito obrigada por tudo (e pela paciência de ler este ¨livro¨) e espero sua resposta ansiosa.
    Obs.: Eu acho que tenho toc, mas consigo pisar nos ricos do chão. É claro que já me deparei várias vezes pisando só onde não tinha linha, mas foi mais como uma brincadeira. Será mesmo que eu tenho toc, ou será que é outro tipo de problema?
    Sucessos pra você Miguelito!

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  8. Boa noite Júnior eu li de relance algumas postagens suas e não tenho dúvidas da importância deste blog, eu tenho o problema e pela primeira vez estou encontrando alguém que fala sobre isso abertamente. Eu voltarei a ler todas as suas postagens.

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  9. Olá Amandda,
    Seja bem-vinda no blog. Realmente é confortante saber que não somos os
    únicos extraterrestres presentes aqui na Terra. Saber que existem outros
    de nossa espécie nos traz um conforto grande. Fique a vontade não só para
    acompanhar como para comentar tb. Vamos fazer esse blog atravessar
    fronteiras até reunirmos todos de nossa especie rs
    Beijos
    Miguelito

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  10. Olá Anonima,
    Que bom que finalmente criou coragem para escrever no meu blog. Dizem que
    o 1o passo para a cura é a pessoa admitir que está doente então vc já deu
    2 passos.
    Para o TOC existem 2 tipos de tratamento: o medicamentoso e a terapia. Os
    medicamentos para tratamento do TOC geralmente são anti-depressivos com
    ação anti-obsessiva e a terapia que mais surte resultado no TOC é a TCC
    (Terapia Cognitiva-comportamental). A combinação dos dois tem um ótimo
    efeito e melhora muito a qualidade de vida do portador.
    Já escrevi em outro post sobre o livro "Vencendo o Transtorno
    Obsessivo-Compulsivo", ele é um manual da TCC para terapeutas e pacientes.
    VC pode comprar e tentar fazer os exercicios em casa mas exige dedicação e
    disciplina, se vc tiver isso conseguirá melhora muito sua qualidade de
    vida. Além disso tem o blog aqui onde vc pode trocar experiencias com
    outros portadores.
    Quanto a decepcionar seus pais eu é que ficaria decepcionada com eles se
    eles passassem a te tratar de modo diferente ao descobrir que vc tem TOC,
    seja passar a tratar de um modo melhor como se vc tivesse alguma
    deficiencia, seja se passarem a te discriminar. Eu sofri uma certa
    discriminação por parte dos meus pais e hoje vejo que isso foi devido a
    falta de informação deles em relação ao TOC portanto, no seu tempo, pense
    na possibilidade de contar aos seus pais e de fornecer todo tipo de
    informação disponível para que eles se informem. O tratamento do TOC fica
    mais fácil com o apoio da familia.
    Quanto a minha profissão eu gosto de ser engenheiro mas meu sonho mesmo
    era fazer artes cênicas rs. Todo engenheiro carrega o peso da engenharia
    nas costas, seja nos estudos ou no trabalho mas algumas empresas pagam
    mais por quem é engenheiro do que um tecnólogo, etc.
    NEm precisava dizer que vc aguardaria a resposta ansiosa, todo portador de
    TOC é ansioso rs. Peço desculpas pela demora em responder mas mudei de
    emprego e toda mudança para o portador de TOC é mais complicada. Gostamos
    de ter o domínio da situação e quando nos vemos num ambiente novo e
    desconhecidos ficamos um pouco perdidos
    Beijos e não deixe de escrever e ler o blog :)

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  11. Olá!
    Eu tenho sofrido deste tipo de TOC de imaginar situações. E também de vivenciar situações e me colocar no lugar da outra pessoa para tentar saber como ela se sentiu em determinada situação.
    E de tentar ver sentido em situações "ridículas" como por exemplo em um desenho animado, quando algum personagem faz ou diz algo "absurdo", ficar imaginando, tentar encontrar um sentido para aquilo.
    Pelo menos isso é o que tenh passado ultimamente.
    Lembro de ter TOC desde os 06, 07 anos de idade, com rituais, lavar mãos, olhos, não tocar em nada após lavar as mãos antes de comer...Só que ele parecia nem me incomodar muito e me dar "férias" prolongadas.
    Na adolescência tive algumas crises de pânico e ansiedade generalizada. Tomei Anafranil (Clomipramina) por uns 9 meses, diazepan (até hoje) e não tive mais crises, só ansiedade generalizada com a qual já estou acostumado com pequenas pioras de vez em quando.
    Depois dos 21 anos, melhorei e tive alguns períodos de TOC curtos mas muito chatos e incômodos, acredito que tenham durado cerca de dois ou três meses (talvez mais) cada período e aconteciam mais ou menos de 4 em 4 anos.
    Hoje tenho quase 34 anos e desde o início deste ano estou passando por isso.
    Por vezes penso se não seria melhor não pesquisar e não valorizar demais este transtorno pois tenho a impressão de que desta maneira poderia me livrar novamente dele mais facilmente. Tenho receio de que ele dure mais tempo que as outras vezes.
    Nas outras ocasiões nunca parei para pesquisar e sou ainda meio cru no assunto. Desde a idade adulta para cá não tenho mais TOC com rituais, só pensamento mesmo, por isso me identifiquei com este seu post.
    Será que meu caso é um tipo de TOC sazonal? Será que existe isso? Pois me parece que tem isso desde sempre, convive com isso a vida toda e quem teve já, por exemplo, na fase adulta, não se livra mais do problema.
    O que vc acha?
    Abraços e força!
    Giovani
    Giovani.casagrande@bol.com.br

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  12. Vi esse blog recentemente mas gostaria muito de me comunicar com pessoas igual a mim, nunca conheci ngm assim, me sinto só, não tenho coragem de falar com ngm pq tenho vergonha.

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