Quando tudo começou

Tudo começou no 1o dia de aula quando ingressei na antiga "1a série", na década de 80. Naquela época as carteiras onde os alunos estudavam eram feitas de madeira e a cadeira era separada da carteira.
Estava fazendo uma redação numa folha pautada e ao escrever algumas palavras veio um pensamento ruim na minha cabeça. Senti uma necessidade em apagar aquela palavra e escrevê-la novamente só que desta vez sem pensar em algo ruim. Era estranho mas uma criança de 6 anos não contesta seus pensamentos, muito menos reflete sobre eles, apenas cumpre o que ele manda.
Também me ocorria de enquanto estar pensando no que escrever, um pensamento ruim vir a minha mente. Como eu ainda não havia escrito nenhuma palavra, eu fazia pontos com o lapis que as vezes chegavam a furar a folha de papel, tudo isso para afastar esses pensamentos. Fazia quantos pontos fossem necessários para que esses pensamentos sumissem e eu me sentisse melhor. Não fazia sentido no que eu estava fazendo mas nada faz sentido no TOC.
Ao final da minha redação minha folha estava toda borrada de lapis (as borrachas antigamente não eram tão boas como as de hoje) e cheia de pontinhos e furinhos. Senti-me constrangido em entregar algo assim mas era mais forte do que eu, não havia como refazer.
Maior constrangimento foi ao ser questionado pela professora, em frente da minha mãe, do porque de tantos pontos e furos na folha. Não me recordo da explicação que tentei dar mas diante do meu constrangimento evidente a professora resolveu explicar por mim e disse que deveria ser devido às imperfeições da madeira da carteira. Se essa explicação estava bom para ela, para mim estava ótima!
O fato foi "abafado" e minha vida seguiu... não como antes mas agora de uma maneira impar que contarei ao longo.